Use os Créditos Fiscais para melhorar a saúde financeira da sua empresa

Os créditos fiscais são um tema muito importante no universo tributário, especialmente para empresas e profissionais que buscam reduzir a carga tributária de forma legal e estratégica. 

Compreender como esses créditos funcionam pode fazer toda a diferença para o planejamento financeiro e a saúde econômica de um negócio.

Neste artigo, vamos explorar detalhadamente o conceito de créditos fiscais, como eles são aplicados no Brasil, quais são os principais tipos, e como as empresas podem utilizá-los para maximizar seus benefícios tributários.

O que são Créditos Fiscais?

Créditos fiscais são valores que empresas ou pessoas físicas podem utilizar para abater o pagamento de tributos. Eles surgem em função de despesas ou operações realizadas que geram o direito de compensação tributária. 

Em outras palavras, são uma espécie de “crédito” junto ao governo, que pode ser utilizado para diminuir o valor a ser pago em impostos futuros.

Esse mecanismo é uma forma de evitar a tributação em cascata, ou seja, a incidência repetida de impostos sobre a mesma base de cálculo ao longo de uma cadeia produtiva. Assim, os créditos fiscais visam garantir maior justiça tributária.

Como funcionam os Créditos Fiscais no Brasil?

Os créditos fiscais funcionam como um mecanismo de compensação tributária no Brasil, permitindo que empresas abatam valores de impostos já pagos ou recolhidos sobre operações anteriores. 

Empresas no regime de lucro real ou lucro presumido podem utilizá-los para reduzir o valor devido em tributos, enquanto empresas do simples nacional têm limitações nesse benefício. 

A compensação pode ser aplicada diretamente na apuração dos impostos ou, em alguns casos, convertida em destituição.

ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

Empresas que compram insumos para produção podem abater o ICMS pago nessa compra do ICMS devido na venda do produto final. 

Por exemplo, se uma indústria paga R$ 10.000 de ICMS na compra de matérias-primas e deve R$ 15.000 de ICMS na venda, ela poderá usar o crédito de R$ 10.000 para pagar apenas a diferença de R$ 5.000.

PIS e Cofins no regime não cumulativo

Empresas no regime não cumulativo podem descontar, da base de cálculo do PIS e Cofins, créditos gerados por despesas como aquisição de insumos e energia elétrica. 

Suponha que uma empresa tenha gerado R$ 5.000 em créditos de PIS e Cofins ao longo do mês; esse valor poderá ser usado para abater o imposto a pagar.

Tipos de Créditos Fiscais

Os créditos fiscais variam de acordo com o tipo de imposto, setor econômico e regime tributário. Os principais tipos são:

Créditos de ICMS

Esses créditos são comuns para empresas que operam no setor industrial ou comercial e consistem no abatimento do ICMS pago na aquisição de insumos, mercadorias ou energia elétrica. 

Também é possível acumular créditos em casos de exportação, uma vez que produtos destinados ao mercado externo são isentos de ICMS.

Créditos de PIS e Cofins

Disponíveis no regime não cumulativo, os créditos de PIS e Cofins permitem a dedução de despesas relacionadas à atividade produtiva, como aquisição de insumos, aluguéis, depreciação de bens e até serviços contratados de pessoa jurídica.

Créditos de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)

As empresas industriais têm direito a créditos de IPI sobre matérias-primas adquiridas, componentes e materiais de embalagem. Isso evita que o imposto seja cobrado repetidamente em cada etapa da cadeia produtiva.

Créditos tributários oriundos de decisões judiciais

Em alguns casos, empresas podem recuperar créditos fiscais por meio de ações judiciais. Um exemplo é a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins, uma decisão que gerou grandes impactos financeiros para diversas empresas.

4 Passos para calcular e utilizar os Créditos Fiscais

A utilização dos créditos fiscais exige atenção a detalhes técnicos e operacionais. É fundamental que as empresas mantenham um controle rigoroso de documentos fiscais e adotem boas práticas contábeis para garantir que os créditos sejam apurados corretamente.

1. Identificação das despesas dedutíveis

É necessário verificar quais despesas geram direito a créditos fiscais. Por exemplo, compras de insumos para a produção ou despesas com energia elétrica para o funcionamento da empresa.

2. Cálculo do crédito

O crédito é geralmente equivalente ao imposto destacado na nota fiscal. No caso do ICMS, por exemplo, a alíquota varia conforme o estado e a natureza da operação.

3. Registro contábil

Os créditos devem ser devidamente registrados na contabilidade da empresa, em contas específicas, para que possam ser utilizados posteriormente.

4. Compensação ou restituição

Após a apuração, o crédito pode ser usado para abater tributos a pagar ou, em alguns casos, ser solicitado em restituição.

Desafios e cuidados com os Créditos Fiscais

Embora os créditos fiscais sejam um mecanismo vantajoso, seu uso inadequado pode gerar problemas com o fisco. Os principais desafios são:

  • Interpretação da legislação: a legislação tributária brasileira é extremamente complexa e sujeita a mudanças frequentes. Isso exige um acompanhamento constante das normas para evitar erros;
  • Documentação inadequada: o uso de créditos fiscais requer a guarda de notas fiscais e outros comprovantes que justifiquem o direito ao crédito;
  • Fiscalização intensa: a fiscalização está cada vez mais atenta às compensações tributárias, realizando cruzamentos de dados para identificar inconsistências.

Por isso, é recomendável contar com o suporte de contadores e consultores tributários especializados, que podem orientar na correta apuração e utilização dos créditos.

Vantagens dos Créditos Fiscais para empresas

Quando utilizados de forma estratégica, os créditos fiscais trazem inúmeros benefícios para empresas, como:

  • Redução da carga tributária: a compensação de créditos pode diminuir significativamente o valor a ser pago em impostos, liberando recursos para outras áreas do negócio;
  • Melhoria da competitividade: empresas que conseguem otimizar sua gestão tributária podem oferecer preços mais competitivos, ampliando sua participação no mercado;
  • Aumento da liquidez: a recuperação de créditos tributários permite que as empresas mantenham mais recursos em caixa, melhorando seu fluxo de caixa.

Créditos Fiscais no contexto da inovação e sustentabilidade

Nos últimos anos, têm surgido incentivos fiscais voltados para inovação e sustentabilidade, que também geram créditos tributários. Alguns exemplos são:

  • Lei do Bem: Empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação podem obter créditos fiscais de IRPJ e CSLL.
  • Créditos de energia renovável: Alguns estados concedem créditos de ICMS para empresas que utilizam fontes de energia limpa, como solar e eólica.

Esses incentivos mostram como os créditos fiscais podem ser usados para alinhar objetivos econômicos e sociais, promovendo práticas mais sustentáveis.

Danillo Rocha

Cientista da Computação, CEO EmpresAqui e Linha Produtiva.